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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SOLUÇÕES PARA A FALTA DE BONS PROFESSORES

por Jacir J. Venturi

No Brasil, de 2005 para cá, os formandos nos cursos de licenciatura apresentam uma queda anual média de 4,5%. Diagnóstico: pouca valorização social da carreira e um ambiente escolar de conflitos, desinteresse e indisciplina. No entanto, para muitos candidatos são atraentes algumas singularidades da profissão: o professor bom ou mediano não fica desempregado, tem aposentadoria especial, pelo menos 45 dias de férias, estabilidade no emprego (nas públicas) e a nobilíssima missão de ser um educador.
A divulgação das estatísticas feitas pelo MEC é recente, mas referem-se a 2007: nesse ano, os cursos de licenciatura formaram 70 500 professores, portanto aquém dos 83 000 concluintes em Direito, uma área bastante saturada, uma vez que há no Brasil 636 630 advogados.
Quantos dos 83 000 formados em Direito não estariam mais realizados se tivessem optado pelo magistério? No vestibular, renderam-se aos encantos das pouquíssimas vagas da magistratura? Por que não oferecer amplamente cursos de capacitação de disciplinas pedagógicas para que esses profissionais e de outras áreas venham a dar aulas na educação básica? Candidatos existem aos milhares: engenheiros, advogados, odontólogos, jornalistas, publicitários, psicólogos, etc., que batem às portas das escolas com a volúpia de lecionar, compartilhando aulas com a sua profissão, mas estão impedidos por lei. Enlevariam o ambiente escolar, trazendo novas experiências. Todos nós conhecemos bons didatas e que passaram ao largo de uma licenciatura.
No início da minha carreira de professor da UFPR e PUCPR, lecionei preferencialmente para as turmas de engenharia, com maior nível de exigência. Dei-me conta mais tarde que poderia ser mais útil nas turmas de licenciatura: havia bons alunos, sim, no entanto a maioria tinha pouca base, pois menor é a concorrência nos vestibulares. Nós, professores, tínhamos por meta motivá-los e especialmente reduzir o índice de desistência que beirava os 70% nos cursos de Física, Matemática e Química.
A baixa qualificação de parte dos nossos docentes ficou comprovada no ano passado, quando o governo de São Paulo aplicou uma prova para preencher 100 mil vagas de professores temporários. O resultado foi nefasto: cerca de 50% dos candidatos não atingiram a nota 5 e 1 500 candidatos realizaram a proeza de zerar numa prova de 5 alternativas com 25 questões. E o mais funesto: não havendo outra opção, todos os candidatos foram para a sala de aula.
Um desafio de proporções mundiais é atrair os bons talentos para lecionar. Cuba, dos irmãos tiranetes Fidel e Raul, apesar de sua economia fechada e obsoleta, possui um bom sistema de ensino. Os melhores universitários e formados nas diversas áreas recebem incentivos para lecionar e são oferecidas disciplinas de didática nos finais de semana. Os habitantes dessa ilha caribenha detêm uma boa escolaridade pois aplicam uma receita básica: valorização do professor, alunos que se fazem presentes na escola das 8h às 16h30 e os coordenadores pedagógicos, amiúde, entram em sala para assistirem às aulas e orientarem os docentes.
A sala de aula constitui os metros quadrados mais nobres de qualquer organização educacional e é nesse espaço que devemos colocar os melhores talentos. Uma caça ao tesouro, com abrangência mundial, pois, antes de Cuba, outras nações como Finlândia, Coréia do Sul, Irlanda, EUA, Cingapura, etc., estabeleceram programas de formação de celeiros de bons didatas, atraindo para a docência os excelentes estudantes do ensino médio ou capacitando professores e profissionais não licenciados.
Neste mister, podemos contar com um grande número de pessoas que carregam dentro de si a chama esplendorosa do entusiasmo em promover o ser humano no espectro ético, social, cognitivo e espiritual. Educar tem etimologia latina belíssima: ducere, que significa conduzir, mostrar o caminho.

Jacir J. Venturi
, diretor do Colégio Decisivo Cristo Rei, foi professor da educação básica e ensino superior.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Museu da Língua Portuguesa

Lembro-me muito bem qual foi a sensação de descobrir que haviam criado um Museu da Língua Portuguesa. Estava na faculdade ainda, e neste dia também fui muito empolgada anunciar a exposição que estava lá: Clarice Lispector.
Bem, eu fui nessa exposição e fiquei abestada... foi minha primeira vez. Cada vez que vou lá me surpreendo como nossa língua pode nos trazer novidades, SEMPRE.
Até janeiro do ano que vem a exposição será sobre Fernando Pessoa. Para meus companheiros que estão na faculdade ou apenas para apreciador desse grande escritor, vale muito à pena!

Aliás, quem passar por São Paulo e se diz admirador de Arte, Língua também é Arte! A nossa, então, é muito mais!
Mas para ir ao MLP deve-se ir com tempo, são 3 andares de pura criatividade dos curadores. O primeiro andar é sempre reservado para as exposições temporárias, neste caso, agora está a de Fernando Pessoa.
O segundo andar é o mais atrativo e o maior: há vídeos contando a história de nossa língua; uma árvore filológica; linha do tempo; além de uma mesa com palavras formadas de prefixos e sufixos, que ao formarmos as palavras aparece um vídeo explicando sua formação.
No terceiro andar, há o auditório, onde podemos nos encantar com um vídeo extraordinariamente criativo e encantador. Eu quase chorei na primeira vez que o assisti!

O que dizer? Será que eu conseguiria um emprego ali? :-)
Para mais informações: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/index.php

terça-feira, 18 de maio de 2010

O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

Jô Soares



O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

P.S.: Como é ingrata a vida de professor!